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Firmeza Doutrinária 

firmeza doutrinária

“Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.”  – Hebreus 2:1.

Introdução 

A firmeza doutrinária é fundamental para o cristão moderno. Durante toda a sua história, a Igreja perseverou em meio a momentos de extrema oposição e perseguição. Desde o primeiro século, até os dias de hoje, o grande desafio da cristandade tem sido o de permanecer fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo. Eles são a base do que chamamos de a doutrina de Cristo ou doutrina Cristã. Mesmo diante dos leões no coliseu, de perseguidores radicais no oriente médio, ou de soldados do antigo regime soviético, a Igreja esteve de pé, preservando os ensinamentos de Jesus com a própria vida. 

O século XXI, em especial, trouxe uma grande sorte de seitas e heresias que tendem a dissolver o ensinamento bíblico em meio ao senso comum. Modas e costumes que relativizam a moral cristã e as palavras de Jesus surgem numa grande velocidade. Nesse contexto, é imprescindível para o cristão que ele seja conhecedor das Sagradas Escrituras e, mais do que isso, um praticante das verdades ensinadas nelas. 

O texto acima, da Carta aos Hebreus, exorta que nos apeguemos às verdades ouvidas, como um navio que atraca no porto (é o sentido do verbo “apegar” no original grego). São elas que nos manterão habilitados a viver tudo o que Deus tem reservado para o seu povo. Não se trata de apenas conhecer verdades na teoria, mas de ter experiências com elas na prática. Conhecer as verdades de modo profundo e estar preparado para defendê-las de sofismas e mentiras, isso é o que significa ter firmeza doutrinária. Estarmos firmes na doutrina vai requerer de nós mais do que conhecimento teórico da Palavra de Deus. Exige também experimentação na prática da Palavra da verdade.  Veremos neste artigo a importância da firmeza doutrinária e como cultivá-la em nossa vida cristã. 

O que é firmeza doutrinária? 

“Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”  – 2 Tessalonicenses 2:15.

“Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça”  – Efésios 6:14 .

Para entendermos o que é a firmeza doutrinária, deve compreender o que é estar firme. Nos textos acima, o Apóstolo Paulo exorta a estarmos firmes nas tradições, ou seja, nos ensinamentos que foram passados. Ele também exorta os efésios (e toda Igreja) a permanecer firmes, para resistir ao dia mau. As palavras para firmes são respectivamente: 

  • Histemi (lê-se ristemi) – ato de pôr-se em pé, como ficar de pé diante de um tribunal. 
  • Steko – perseverar, persistir, manter a posição; continuar seguro e são, permanecer ileso, permanecer pronto ou preparado; ser de uma mente firme; alguém que não hesita, que não desiste. 

Fonte: Dicionário léxico de Strong. 

Estar firme é não recuar mesmo que a oposição seja forte. Essa oposição pode ocorrer no campo da razão, onde teremos nossas convicções questionadas, ou vir como circunstâncias que se levantam contra a nossa vida. Sempre que aprendemos uma verdade da Palavra de Deus, o diabo se levantará para desafiá-la. Cabe a nós permanecermos de pé e convictos de que a Palavra de Deus é verdadeira, mesmo que as circunstâncias digam o contrário. 

A segunda palavra nos remete a uma ideia de perseverança, que é a capacidade de continuar crendo por um longo tempo. O sentido é de alguém que não deixa sua posição de fé, mesmo em meio à ataques do diabo e tribulações. Paulo fala de alguém que permanece firme na posição onde está, como uma sentinela que protege o seu posto com a própria vida. Mas, para guardarmos uma posição, precisamos saber qual é e onde estamos. É aí que entra a doutrina. 

A sã doutrina

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” – 1 Timóteo 4:16.

A doutrina é basicamente um preceito ou ensinamento que pode ser transmitido de forma oral ou escrita. Existem pelo menos três tipos de doutrina descritas na Bíblia: 

  • Doutrina de homens – embora essa expressão não apareça diretamente nas Escrituras, ela é o fruto da malícia humana (Efésios 4:14). Um exemplo disso é a doutrina dos fariseus e dos saduceus (Mateus 16:12). 
  • Doutrina de demônios – presentes, principalmente nos últimos dias, são ensinamento oriundos das trevas. Em 1 Timóteo 4:1, a palavra usada para “ensinos” é didaskalia, que é o mesmo termo traduzido por doutrina. Embora a doutrina dos homens possa ser fruto de uma influência maligna, a doutrina de demônios seria o caso de uma transmissão mais direta, resultado de um contato sobrenatural com demônios. 
  • Doutrina de Cristo ou Sã Doutrina – São os ensinamentos de Deus trazidos por intermédio de seu Filho (Hebreus 1:1,2). Ela contém os preceitos divinos e a sua revelação para nós, bem como suas bênçãos e vontade (Hebreus 6:1; Tito 2:1). 

Diante disso, podemos ver que Paulo evidentemente se referia à doutrina de Cristo quando falou a Timóteo. Ele o exorta a cuidar dela como forma de salvar aos seus ouvintes. Isso porque a doutrina de Cristo reúne as verdades do Reino de Deus e nos revela sua vontade. Ao conhecê-la, ficamos cientes de quem somos e da nossa posição em Jesus. 

Preparados e fortalecidos

Quanto mais conhecemos da sã doutrina, mais estaremos preparados e fortalecidos no conhecimento de Deus e aptos a exerce a nossa fé, uma vez que a fé vem por ouvir a pregação de Cristo (Romanos 10:17). Por isso, devemos nos apegar a essa doutrina, como diz Hebreus 2:1, que lemos no início. Significa nos dedicarmos aos ensinamentos de Jesus com todo esforço, como alguém que agarra algo precioso e não solta mais. Mas não só isso, também devemos manter essa determinação durante toda a nossa caminhada cristã. 

Desse modo, vemos que a firmeza doutrinária é mais do que uma simples aparência de conhecimento. Ela é uma posição de fé e certeza nos ensinamentos de Jesus, de modo que sejamos perseverantes em cada um deles, mesmo diante de tribulações, oposições e desafios. Significa, também, estarmos sempre de pé e conhecedores de quem somos e do que podemos nele. 

Firmeza é estar sempre pronto a responder com a Palavra 

Há ainda um outro aspecto da firmeza doutrinária. Vejamos o que nos diz o apóstolo Pedro: 

“…antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, …” – 1 Pedro 3:15 .

Vemos aqui mais uma característica de firmeza doutrinária apresentada pelo apóstolo Pedro, que é a capacidade de estar de prontidão para responder aos questionamentos sobre a nossa fé. Essa capacidade estava presente em Jesus durante todo e seu ministério terreno.  

Sempre vemos os escribas, fariseus e saduceus tentando fazê-lo tropeçar nas palavras sem, contudo, obter sucesso. Era estranho para eles, uma vez que Jesus não pertencia a nenhuma escola doutrinária de sua época. Apenas um grupo seleto de pessoas alcançava o conhecimento das Sagradas Escrituras o suficiente para ser aceito nessas escolas rabínicas. Desses, um número ainda menor poderia se tornar um rabino, ou seja, um mestre da lei. A perplexidade dos religiosos da época era o fato de que Jesus nunca frequentara uma escola rabínica, mas detinha um conhecimento profundo das Escrituras (João 7:15) o que fazia dele Mestre.

Firmeza é estudo e relacionamento

Trazendo para o nosso contexto, devemos estar sempre prontos para responder aos questionamentos. Em nossos dias muitas correntes de pensamento exigem do cristianismo uma posição veemente em sua defesa. Contudo, devemos perceber que a capacidade de resposta de Jesus não vinha necessariamente de anos de estudos acadêmicos numa escola rabínica. O Mestre cultivava um relacionamento com Deus e conhecia o aspecto sobrenatural das Escrituras. Não digo que a dedicação aos estudos não é necessária, mas ela não terá efetividade se não for acompanhada de uma preparação espiritual. 

Imagine uma esponja encharcada de água. Quando a tocamos com um dedo, o quê vemos sair de dentro? Certamente não é outra coisa que não água. Assim devemos nos encher da Palavra de Deus e do seu Espírito. A Palavra nos dará sempre o que responder e o Espírito no inspirará a responder com a Palavra e a forma de fazê-lo bem. Foi assim na tentação de Jesus no deserto (Lucas 4:1-13). Ele respondia a todo questionamento do diabo com a Palavra de Deus. Não pense que o conhecimento natural e a razão humana serão suficientes para que você vença o diabo. Ele com certeza é mais inteligente e sagaz do que você. Mas se você se encher do conhecimento de Deus e do Espírito Santo, com certeza poderá resisti-lo e vencê-lo. 

O Exemplo de Paulo

Quando olhamos para o testemunho do apóstolo Paulo, vemos que ele detinha grande conhecimento das Escrituras Sagradas, bem como de filosofia grega. Ele era alguém que poderia se orgulhar de seu conhecimento e estudo diante da sociedade de sua época. Contudo esse conhecimento não era a doutrina de Cristo, mas de homens. 

“Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo”  – Filipenses 3:4-8.

Paulo nos mostra que todo o conhecimento que tinha, mesmo o que ele recebeu na escola de Gamalieu, um grande rabino da época, não era nada perto do conhecimento de Cristo Jesus. Conhecer Jesus não é de forma alguma apenas ler sobre ele, mas imitá-lo em todos os aspectos e proceder da mesma forma que o Senhor. Assim podemos ver que o conhecimento de Jesus, e sua capacidade de responder aos questionamentos, vinha basicamente de três bases importantes: conhecer a Palavra de Deus, ter relacionamento com ele e praticar os seus ensinamentos. 

Vamos ver agora cada um desses fatores da firmeza doutrinária. 

Conhecer a Palavra de Deus 

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. (…)”  – Oséias 4:6.

“Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro.” – 2 Pedro 2:20

Quando o Senhor falou a Josué para que este guiasse o povo dali em diante, porque Moisés estava morto, ele o exortou a andar de acordo com a sua lei. A Torah (os cinco primeiros livros da Bíblia, conhecidos como livros da lei) era toda a Escritura Sagrada que ele dispunha naquela época. Contudo, andar em conformidade com aquela porção de revelação, que Deus havia dado por intermédio de Moisés, faria de Josué uma pessoa próspera e bem-sucedida (Josué 1:8). 

Deus nos revela, por meio do profeta Oseias (Oséias 4:6), que o povo de Israel era destruído porque lhe faltava o conhecimento. Por outro lado, em contraste com a realidade descrita por Oseias, o profeta Daniel nos revela que “o povo que conhece o seu Deus será forte e ativo” (Daniel 11:32). Fica claro que o conhecimento de Deus nos traz sucesso e a sua falta provoca o fracasso. Assim, ficar firme no conhecimento de Deus é estar firme numa posição de vitória e sucesso. Essa é a vontade de Deus para todos nós.

Luz e trevas 

O Rev. Myles Munroe, em seu livro “The Principle and Power of Kingdom Citizenship” (Cidadãos do Reino) afirma:  

“Você sabia que em hebraico a palavra ‘escuridão’ é igual à palavra ‘ignorância’? Da mesma forma, a palavra para ‘conhecimento’ em hebraico e grego é a mesma que para ‘luz’. Portanto, quando falamos sobre o mundo ou reino das trevas e o mundo da luz ou Reino de Deus, não estamos falando sobre lâmpadas acesas ou apagadas. Estamos falando sobre ignorância e conhecimento. O príncipe das trevas é o príncipe da ignorância. Ele governa por sua ignorância.” (Munroe, 2016) 

Satanás opera através da ignorância e da dúvida. Contudo, se buscamos a luz do conhecimento divino jamais seremos vencidos por ele. O conhecimento de Deus no faz andar em vitória. A base desse conhecimento vem da Bíblia, que é a Palavra de Deus escrita e inspirada. Ela deve ser o Norte para que possamos julgar todas as coisas. Em outras palavras, se não confere com as Escrituras, o ensino deve ser rejeitado seja quem for o seu interlocutor.  

A leitura diária da Bíblia é uma obrigação de todo aquele que busca a firmeza doutrinária. Estudar as Escrituras não é apenas para aqueles que têm o dom ministerial do mestre, embora estes tenham uma responsabilidade ainda maior nesse aspecto. Todo crente deve se alimentar das Palavras de Deus como o povo de Israel se alimentou do maná no deserto, ou seja, diariamente. Sobre os líderes repousa essa responsabilidade ainda mais forte. A Palavra deve estar sempre perto de nós, na nossa boca e no nosso coração (Romanos 10:8). Só assim teremos a firmeza doutrinária de que precisamos para cumprir nossas carreiras.

Princípios para o estudo da Palavra

Para estudar a Bíblia devemos seguir alguns princípios básicos. Textos mal interpretados e distorcidos são a maior causa das heresias. Não adianta apenas decorarmos certos versículos para serem citados em momentos chave. Lembre-se de que o diabo usou a própria Palavra de Deus para tentar Jesus (Lucas 4:1-13). Precisamos respeitar certas regras de interpretação para extrairmos das Escrituras o ensino correto. Não vamos estudar aqui todas essas regras, mas algumas delas são muito importantes: 

Levar em consideração o contexto 

Você já deve ter ouvido que “texto sem contexto se torna pretexto para heresia”. Ao ler uma passagem bíblica nunca tente interpretá-la de forma isolada, sem levar em consideração o contexto no qual está escrita. Ele se refere a tudo o que cerca o trecho da Escritura: o que está escrito antes e depois; a quem a mensagem se destina; a realidade histórico-cultural de quando foi escrito.

Para entender melhor vamos ver alguns exemplos. Vejamos este trecho do evangelho de João: 

“Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende.” – João 9:31.

Citar esse texto de forma isolada pode levar a acreditar que Deus nunca irá atender a um pecador. Se isso fosse verdade ninguém seria salvo. Contudo, ao observarmos o contexto, veremos que essas são as palavras do cego de nascença curado por Jesus que refletem a crença comum do judaísmo da época. Se há uma coisa que Deus faz é ouvir um pecador que clama a ele arrependido.

Veja ainda uma questão sobre a tentação de Jesus: 

“Então, o levou a Jerusalém, e o colocou sobre o pináculo do templo, e disse: Se és o Filho de Deus, atira-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.  Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor, teu Deus” – Lucas 4:9-12.

O diabo usou um texto isolado das Escrituras para tentar Jesus, o Salmo 91. A resposta de Jesus nos ensina que não devemos usar um texto da Palavra sem levar em consideração outros princípios. Nesse caso, pular do pináculo do templo quebraria o mandamento de não tentar a Deus.  

Nunca estabelecer doutrinas com base em um único texto 

Há um princípio bíblico que diz que “pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra será estabelecida”. Essa ideia estabelece que não se pode criar uma doutrina a partir de um texto isolado. Não é porque algo aconteceu uma vez na Bíblia que será uma regra a ser seguida. Vejamos um exemplo: 

“Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei” – Gênesis 22:2.

Todos conhecemos a história de Abrahão e de como Deus pediu que sacrificasse a Isaque, o filho da promessa, como holocausto. Se usássemos esse texto de forma isolada, pode indicar que Deus aceita sacrifícios humanos. Mas esta foi a única vez que vemos Deus pedindo tal sacrifício. De fato, ele nem permitiu que Isaque fosse sacrificado. Tudo o que aconteceu ali apontava para o sacrifício de Jesus na Cruz, que é o único sacrifício de um ser humano (e divino) que ele aceitou uma vez por todas e por todos os nossos pecados.  

Usar, sempre que possível, os originais para ajudar a entender um texto 

O uso de dicionários e léxicos podem ser muito útil no entendimento do sentido original, que, muitas das vezes, fica oculto na tradução em português. Vejamos um bom exemplo disso: 

“…Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.”  – João 21:15-17.

Nesse texto, Jesus pergunta três vezes a Pedro “Tu me amas?”. Contudo, as três perguntas no grego não são as mesmas. Isso porque a palavra amor no grego tem, pelo menos, quatro termos. No texto em questão são usados dois deles que são ágape e fileo. O primeiro refere-se ao amor do tipo de Deus, capaz de dar a sua vida pelo outro (João 15:13). O segundo fala de um amor fraterno, entre amigos, mas não capaz de morrer pelo outro. O diálogo original seria assim: 

  • Jesus: amas-me (ágape) mais do que estes outros? 
  • Pedro: tu sabes que te amo(fileo). 
  • Jesus: Tu me amas (ágape)? 
  • Pedro: Tu sabes que te amo (fileo). 
  • Jesus: Tu me amas(fileo)? 
  • Pedro: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo (fileo).

Olhando as palavras originais, percebemos que as respostas de Pedro confessavam uma incapacidade de amar o Senhor com o amor do tipo de Deus. Ele já havia dito que morreria pelo Mestre uma vez e, na hora H, o negou. Por isso, a terceira pergunta de Jesus não está mais no nível do ágape, mas do fileo, o que entristeceu a Pedro.

Use materiais de apoio

Há muitos outros princípios de interpretação bíblica que dever ser levados em consideração. Mas, como disse anteriormente, não seremos exaustivos nelas, apenas exemplificativo. Se tiver interesse em conhecer mais sobre isso pesquise sobre hermenêutica e exegese bíblicas, que são os ramos da teologia que buscam interpretar o texto Sagrado. 

Além de ler a Bíblia, você pode fazer uso de livro de apoio que ajudem a entendem melhor a mensagem em determinados textos. Dicionários e comentário bíblicos ajudarão bastante nessa tarefa. Você também poderá fazer uso de livros de ensino bíblico como os do Rev. Kennteh E. Hagin. Neles você encontrará uma boa base para entender muitos princípios bíblicos. Mas lembre-se, somente o texto bíblico é infalível e nenhum outro. 

Ter relacionamento com Deus 

Como disse anteriormente, a capacidade e firmeza doutrinária de Jesus não vinham apenas do conhecimento do texto das Escrituras Sagradas. Elas eram baseadas em grandes momentos de oração e relacionamento com o Pai. Sempre vemos o Senhor separando tempo para dedicar-se à oração.  

“Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar. “ – Lucas 9:28 .

Não adianta apenas conhecermos o que Deus operou no passado, precisamos saber o que ele está fazendo agora. Isso só é possível por meio de dedicarmos tempo em oração e consagração a Deus. É nesse momento que o que conhecemos de Deus através das Escrituras se torna mais que mero conhecimento. Se investirmos tempo em buscar relacionamento com Deus, conheceremos seus planos e propósitos e isso nos fortalecerá de modo que seremos inabaláveis.  

Quando nos consagramos ao senhor e à sua obra por meio da oração, estamos permitindo a ação do seu Espírito Santo em nós. Ele é o que Paulo chama de “a mente de Cristo”. O Ajudador nos revela a intenção de Deus e torna compreensível muitos dos ensinamentos da Palavra que naturalmente não conseguiríamos compreender. Lembre-se que a Bíblia foi escrita sob a inspiração do Espírito Santo e, também através dela, poderemos obter a sua interpretação.  

Além disso tudo, interação com o Espírito Santo, principalmente a través da oração em outras línguas (Judas 1:20), fortalecerá a nossa fé. E o que é a firmeza doutrinária senão a firmeza na palavra de Deus por meio da fé. 

Praticar a Palavra 

“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; 25 e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” – Mateus 7:24,25.

No texto citado acima, o Senhor nos mostra que devemos ir além de apenas ouvir as verdades da Palavra de Deus. É necessário conhecê-las na prática. Praticar os ensinamentos de Cristo, significa estar em lugar seguro, firmado sobre a rocha. As tribulações e ações do mundo e do diabo, representadas pelas chuvas, correntezas e ventos, não serão capazes de nos demover da nossa posição de triunfo. 

Nenhuma verdade bíblica pode ser conhecida apenas na teoria. Quando o Senhor Jesus nos diz, em João 8:32, que o conhecimento da verdade nos tornaria livres, ele refere-se à prática da verdade e não ao simples conhecimento da doutrina. A verdade praticada é poderosa para nos tornar firmes e inabaláveis. Por sua vez, a verdade negligenciada não será capaz de nos proteger e nos fortalecer, visto que não está acompanhada de fé. 

Autoconhecimento na Palavra

“Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.”  – Tiago 1:23-25.

Ao tomarmos consciência da verdade da doutrina de Cristo, a Palavra de Deus funciona como um espelho. Nela podemos contemplar quem somos, com todos os nossos defeitos e falhas de caráter que precisam ser corrigidos. Ao mesmo tempo, conhecemos quem somos em Cristo e o nosso propósito. Existem, então, dois pontos: um é onde nós estamos, que é o nosso ponto de partida, e o outro é o nosso ponto de chegada, aperfeiçoados pela palavra de Deus. Agora que conhecemos esses dois pontos, praticar a palavra de Deus irá nos fazer andar do primeiro para o segundo. Seremos transformados aos poucos pelas verdades de Deus. Mas, se ao invés disso, deixarmos de praticar a Palavra, andando conforme a nossa própria vontade, nos esqueceremos das imagens que contemplamos no espelho. Essa é a imagem que Tiago utiliza para nos exortar a praticarmos os ensinamentos de Jesus.

Há ainda a promessa de que um operoso praticante será bem-aventurado em tudo o que realizar. 

A prática traz amadurecimento

“A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal. “  – Hebreus 5:11-14.

A falta de prática da Palavra de Deus irá impedir que nos aprofundemos na sua revelação. Deus não está interessado em esconder as coisas dos seus filhos, mas ele quer que cheguemos ao pleno conhecimento da verdade (1 Timóteo 2:4). Contudo, para que possamos suportar as revelações precisamos amadurecer na fé. Jesus não pôde revelar tudo o que sabia para seus discípulos dada a maturidade espiritual que eles tinham no início (João 16:12). O Espírito Santo daria continuidade na revelação, daí a importância da oração e intimidade com Deus de que falamos no tópico anterior. Mas, para que isso aconteça, precisamos nos tornar praticantes a fim de receber o alimento sólido. 

A firmeza doutrina é de fundamental importância para os líderes da igreja. Sem ela estaremos vulneráveis aos ataques do diabo e aos ventos de doutrina. Por outro lado, sendo firmes nas verdades ouvidas, por meio do estudo da Palavra de Deus, da oração e intimidade com Deus e pela prática da sã doutrina, estaremos edificados sobre a rocha. Nesse caso não precisaremos temer as chuvas, os rios e os ventos, pois nada será capaz de abalar a nossa fé. 

Rodrigo Silva

Graduado no Centro de Treinamento Bíblico Rhema Brasil - 2010 Graduado na Escola de Ministros Rhema - 2012 Ministro Licenciado AMVV Atualmente congrega na Igreja Verbo da Vida de Campo Grande - Rio de janeiro/RJ

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